sábado, 25 de outubro de 2014

Queluz (2)

Queluz, 28 de Agosto de 2014

Rumei ao Monte Abraão, o coração aos saltos, os olhos a conter as lágrimas. Passei Benfica, Reboleira, Amadora. E cheguei. Desci aquelas mesmas escadas sujas, passei as portas de segurança, atravessei o túnel que cheira (e desconfio que cheirará sempre) a xixi.

Tive tantas saudades.

Demorei-me no céu azul de Queluz, com as suas pontuais e perfeitas nuvens, e calcorreei as ruas que me levam ao parque, que será sempre a parte mais bonita. Sonhava com um pãozinho cheiroso na Império, e talvez um chá, ou um Compal de pêra. Que aperto no peito ao ver os cartões nas janelas, os balcões desmantelados, os canos pendentes. É tão duro encontrar estas vistas mortas, estas portas cerradas.

Porém, um pouco mais à frente, dei com a pastelaria Arcos Reais, com "fabrico próprio", e o senhor cujo nome desconheço prontamente me serviu, com alegria e vigor, um sumo "de fruta biológica" especialmente sugerido para meu exclusivo deleite: "menina, se não gostar não paga!".

Bebo enquanto escrevo e este sabor ímpar a fruta fresca e verdadeira sacia-me a fome, e imprime esperança ao meu dia. O meu coração dilacerado pela portuguesa saudades está grato, imensamente grato, pelo privilégio de tornar a casa. 

É bom saber que "por muito que as coisas mudem, há coisas que nunca mudam". E Queluz continua a ser "o melhor lugar para se viver".



sábado, 18 de outubro de 2014

Canadá

E os seus sítios bonitos que se entranham no meu coração.

 Toronto

 Bayview Ave.

 Subrisco.

 Subrisco.

 Tyndale, Ballyconnor campus.

 Gormley.

 King City

 Leslie st.

 Gormley.

 19th.

 Na quinta cujo nome não recordo.

Na quinta cujo nome não recordo.

Caras

Não os partilho muito, mas tenho muitos auto-retratos. Foi outra coisa que me aconteceu com a emigração: a vontade de registar as mudanças na minha cara, para me recordar do tempo e da graça.


Cara de expectativa: 2h antes de chegar ao meu                   Muita relva, muito amor, muito cabelo.
país e ver a minha família.                                                    (fotografia da Priscila)


 É um privilégio viver nesta casa, neste imenso jardim!      Na exaustão é ainda mais claro que é Deus
                                                                                              que faz tudo.


 A cara de agora, com muito menos cabelo.

Queridos

Nos últimos três meses tenho feito um esforço por ultrapassar a vergonha de estar sempre de telefone em riste e pedir às pessoas para tirarmos fotografias. Portanto, Agosto, Setembro e Outubro têm sido frutíferos em fotografias, graças a Deus.

 Com o primo Nuno e a tia Lu, naquela noite em que aterrei em Londres e os pude abraçar.


 Com a vovó Anita e o seu chapéu de praia, naquele dia em que ela não parava de dizer às pessoas na paragem que a neta dela a ia matando do coração.


 Com os papás e manos, no mesmo dia, em que cheguei à minha pátria e exigi ir à praia.


 Com a Inês e a Cousin, naquele dia em que fui pela primeira vez ao lindo lar da família Pires e comemos um pitéu daqueles!


 Com a minha Amora, naquele dia em que o carro não tinha gasolina nem bateria, mas mesmo assim fomos visitar a casa de campo.


 Com a Silvia e o Rodolpho, naquele dia em que eles passaram a ser a linda família Lima.


 A mamã e o irmão, naquele dia em que estavam 18º na Fonte da Telha e eram 21h.


 Os três nas palhaçadas e cantorias depois da praia.


 Com a Edite, a minha querida Edite, naquele dia em que ela não saiu da janela enquanto não deixou de me ver ir embora, e mesmo assim ainda gritava: "xau Andreia!"


 As minhas irmãs encheram o meu telefone de fotografias.


 Com a Isabel, a Ana, a Priscila e a Cousin, naquele dia em que eu estava a tentar ter uma conversa séria com um gelado de chocolate a derreter-me nas mãos.


 Com os primos Cristiana e Afonso, naquele dia em que estavamos a tentar não pensar muito que tínhamos apenas mais uns dias uns com os outros.


 Manas Pascoais a tomar conta da escola.


 Com a Mandy, a Rosemary e o Johnson. Subitamente estou cheia de amigos chineses.

 Com os Pascoais, naquele dia em que descobrimos que se pagava $7,5 para ir apanhar maçãs e por isso ficámos à porta.


Com a querida Mandy, naquele dia em que estava um calor extraordinário e os lenços eram obsoletos.