Jantámos, rimos, passeámos e dançámos juntos.
Instaurámos a "santa confusão" que só os filhos de Deus irradiam.
Fomos repreendidos, e respeitámos, com pesar, a repreensão.
Demos abraços e dissemos segredos.
Orámos, e chorámos com alegria o que Deus vai fazer.
Vimos um homem, ensanguentado, estendido na estrada.
Até Dezembro, foi a última vez.
A vida tem períodos e episódios que as palavras não conseguem traduzir.
As mamãs inventam trabalhos manuais aparentemente estranhos.
As mamãs ficam extasiadas quando lhes é permitido comprar coisas bonitas para os seus rebentos.
Deu para compreender muito mais coisas, mas, sobretudo, para crescer em dependência de Deus, da minha mamã e das pessoas que me rodeiam. Querendo ou não, a maternidade é um trabalho de equipa.
Espero um dia saber contar o quanto e quão bem Deus trabalha através do sofrimento dos homens. Quando o coração sofre, reclina-se, humilha-se debaixo da Potente Mão que tudo sustém.
Tenho andado com e orado por muitas pessoas que sofrem; e também tenho sofrido. E o amor, misericórdia e graça de Deus têm superabundado em tudo, e em todo o tempo.
Espero um dia saber contar (mesmo bem!) tudo quanto concerne a estas coisas.
Esta semana assisti a dois exemplos de redenção das artes.
Tanto o concerto como o musical foram exímios e sublimes. É bom ver Deus a usar os Seus servos dedicados nestes meios, e é mesmo um privilégio poder acompanhar estes trabalhos, as pessoas que os compõem, e orar por eles.
O meu coração está repleto de gratidão pela semana que passou.
Estava com muitas saudades de ouvir a Amy Winehouse (já não o fazia desde a sua morte, exceptuando uma ocasião em Fevereiro). Quando a Amy Winehouse faleceu fiquei deveras triste (como é raro ficar quando alguém, que não me é próximo, parte). Foi uma perda tremenda enquanto artista e enquanto pessoa. Não devia ser possível sucumbir assim.
"Ensina-me a amar / na tua carrinha eu quero viajar / nesta tarde ensina-me a amar."
Bruno Morgado - Ensina-me a amar
(cover de Samuel Úria)
Foi no dia 17 de Março que os amigosJónatas e Sónia celebraram o seu casamento (e foi deveras lindo, como aqui muito bem se conta). É bem sabido, lacrimejei por diversas vezes. Mas creio que o momento mais sublime (depois da entrada da noiva), foi a participação dos manos Luzia, que cantaram a canção que acima se apresenta. Tenho-a trazido comigo desde então, e "eu não me canso de [a] repetir". (♥ ♥ ♥)
Um dia bom também pode ser um dia em que muitas coisas correm mal. As coisas que correm mal são capazes de mascarar muito bem um dia bom. São frases quase iguais para dizer a mesma coisa... Os dias que parecem maus mas afinal são bons têm muitas coisas para nos ensinar. Sim, os vídeos não funcionaram como e quando deviam, mas ao menos havia quatro computadores para ajudar a colmatar a falha. Pois, as palavras foram parcas para fazer jus ao investimento que se fez no trabalho, mas ao menos havia amigos por perto, para serenar, exortar e crescer. Claro, as preocupações ainda me consomem em demasia, mas ao menos há núcleos familiares que nos facultam oportunidades novas, bonitas, saborosas e mimosas.
É, o dia hoje foi bom (escrevo assim quando penso com sotaque brasileiro). Foi cheio de coisas tremendamente desesperantes, "coisas espirituais". Portanto, um dia bom.
Não são poucas as vezes em que os amigos mudam a nossa vida. Através desta canção, a querida S. mudou a minha. Apresentou-me estesdoissenhores e eu nunca mais fui a mesma. Apesar de já ter sido há muitos anos, não me esqueço: dos dias, das circunstâncias e das lições; não só acerca dos reis da conveniência e das sonoridades bonitas, mas também acerca do carinho, da empatia grande e do Caminho que vale a pena partilhar.
"Respira. Mais uma vez. Pode até demorar mas a resposta está na palma da tua mão. Não vale a pena perder a cabeça, cada uma tem sua sentença. E, ao fim ao cabo, todos somos iguais."
"I see You there hanging on a tree / You bled and then You died and then You rose again for me. / Now you are sitting on Your heavenly throne; / soon we will be coming home. / You’re beautiful."
Há tempo para aprender, tempo para chorar, tempo para sofrer, tempo para esperar.
Tempo para o total regozijo (da parte que ainda é possível experimentar).
Uma vez, na escola onde estou a estudar, um grupo de estudantes colou à canção acima apresentada, num português com sotaque de terras de Vera Cruz, o seguinte coro:
"Estou seguindo a Jesus Cristo
Deste caminho eu não desisto
Estou seguindo a Jesus Cristo
Atrás não volto, não volto mais.
Se me deixarem os pais e amigos
Se me cercarem muitos perigos
Se me deixarem os pais e amigos
Atrás não volto, não volto mais.
Atrás o mundo, Jesus à frente
Senhor, meu guia omnipotente
Atrás o mundo, Jesus à frente
Atrás não volto, não volto mais.
Depois da luta ganho a coroa
A recompensa é certa e boa
Depois da luta ganho a coroa
Atrás não volto, não volto mais."
E nesta festa, só canto; não tenho mais palavras, tenho de pedir emprestadas a outros que já me traduziram antes. Nesta festa só sei declarar, cantando, que não voltarei atrás; não pela minha força, não pela minha certeza, não pela minha capacidade. Mas porque Jesus fez tudo por nós. Por mim.
Tenho muitas canções a ecoar em mim. Dizem, sobretudo, "obrigada".
"Now he stands beneath the apple blossoms / every year where they use to go walking. / And he tells her about / the summer and the autumn, / the winter in his heart, / and their Apple blossoms."
Esperanza Spalding (with Milton Nascimento) - Apple Blossom
A beleza desta música é ímpar. E eu gosto dela por demais.
Um dia faz-se soar a pergunta: "queres casar comigo?" (ou uma variante mais eloquente)
E a partir daí é um rodopio!
Um anel no dedo, uma festa em casa dela ou dele, onde as famílias se juntam e oficializam que serão uma; os patriarcas afeiçoam-se, espirituosos, as mães trocam conselhos e afinidades. Os noivos recebem directrizes valiosas e continuadas, conversam sobre os assuntos importantes orientados por outros que já caminharam muito nestas lides do ser-se um em dois corpos. Prepara-se a casa, compram-se os móveis, o enxoval fielmente guardado é tirado do baú e posto à disposição de quem dele usufruirá. Procura-se diligentemente um vestido, um fato, sapatos, flores, jóias, perfumes, roupa interior. Selecciona-se uma igreja, um ministro da Palavra, vários (se tal for possível). Convidam-se os amigos, os primos, os tios, os avós; se verba houver, os parentes longínquos e os amigos dos amigos também se podem juntar. Os convidados, por sua vez, procuram presentes para o casal, põe-se bonitos para a ocasião. Ornamenta-se o salão, escolhem-se os pratos do almoço, do jantar, os manjares do buffet; contacta-se um DJ ou uma banda ou um amigo com sensibilidade para alimentar as festividades, para embalar os corpos que se regozijam. Marcam-se os voos e os hotéis para a afamada Lua de Mel. Lua-de-mel; um nome que em si encerra tudo o que caracteriza este período de tempo.
A pergunta despoleta uma azáfama desvairada, mas por um bom motivo, um excelente motivo. É que um só vai habitar em dois, é que se inicia uma nova família, é que se repete e recria a primeira celebração do Paraíso! É que duas almas encontraram, juntas, o esplendor do caminho para a santificação. E, de todas as coisas melosas e sublimes que o casamento tem, esta é a mais maravilhosa: tudo isto é só um espelho, uma miragem, do que Deus quer ser com aqueles que Nele crêem. Ele, noivo, espera que a igreja, noiva, se prepare assim, com excitação e nervosismo, empenho e gozo, cuidado e afinco, amor apaixonado e rendido até ao tutano. E estas festas que fazemos evocam em mim esse gozo grande: é que um dia vamos ser nós todos (os que ouvem a Sua voz), juntos, noiva. E Ele, noivo, lindo, virá ao nosso encontro, para esse dia de êxtase total. Dia de Céu.
(Se procurar pelos vocábulos noivo e/ou noiva no Portal da Bíblia, são 29 as referências que surgem.)
Hoje é o penúltimo dia no escritório, e toda a gente resolveu fazer muito barulho. Vídeos barulhentos inrompem dos ecrãs, cantigas e assobios brotam das bocas, e o cansaço liberta alguma descontração para dar continuidade aos trabalhos neste ambiente mais assoberbado de ruído.
Ultimam-se os pormenores soltos, realizam-se os contactos finais, gastam-se os últimos cartuxos e acompanha-se tudo com uma bela caneca de chá. Penúltimo dia. Sei que o tempo passa depressa, mas estas velocidades alucinantes são demais para mim...
I'm surrounded by poets. (My heart exults!) They emerge from the most unpredictable places, they appear when they're least expected, and they surprise me when i'm unprepared for their subtle eye, sharpened words and embraceable vision.
I'm surrounded by poets, and I'm constantly and increasinglyamazed at such persons. It always seems "to good to be true" to me.
But there they are, all around the places i go. Lucky me? Blessed me.
My stubbornness against Your patience.
My disobedience against Your grace.
My sinful nature against Your love.
My rotten heart against Your restoration.
My crazy agenda against Your will.
My falls against Your tender embrace.
My being against You.
So come, please (!), and tear down my resistance.
I need You to knock me out.
...o amor era poliglota. E quanto mais me deparo com novas línguas, mais me reitero e me deleito neste facto (mesmo que não as compreenda, como é o caso...).
Avishai Cohen - Dreaming
O Avishai Cohen foi-me apresentado pelo meu querido tio D., através desta música:
"If i ruled the world, / every day would be the first day of spring, / every heart would have a new song to sing, / and we'd sing of the joy every morning would bring."
Debati-me com esta música durante algum tempo. A utopia descrita pelo senhor Cullum neste poema é de tal ordem que soa a um desvario demasiado desmedido, pelo que não era capaz de ouvir esta canção e acreditar nela. Até que, num belo dia de Verão, fomos ao seu concerto no âmbito do CollJazz Fest*, e cri. Ouvi-lo cantar de olhos cerrados e rosto suado, com uma voz quase embargada mas tão assertivamente firme, foi o bastante para compreender que, se tivesse escrito um poema acerca do que eu faria se governasse o mundo, seria exactamente este.
Ouvir esta canção transporta-me sempre para aquela noite ventosa e estrelada, e para os sonhos que estão no meu âmago. Ao pesquisar nesta Janela descobri que 7,4 % dos escritos têm referências a sonhos. Dar com este post em particular deixou-me extática: é que Deus tem feito reais todas as minhas utopias.
(grande suspiro)
*Há muito que escrever sobre este concerto maravilhoso e sobre este dia; foi a melhor prenda que poderia ter recebido.
"This at least seems to me the main problem for philosophers, and is in a manner the main problem of this book. How can we contrive to be at once astonished at the world and yet at home in it? How can this queer cosmic town, with its many-legged citizens, with its monstrous and ancient lamps, how can this world give us at once the fascination of a strange town and the comfort and honor of being our own town?"
"Y aunque el olvido, que todo lo destruye, / haya matado mi vieja ilusión, / guardo escondida una esperanza humilde / que es toda la fortuna de mi corazón."
"Não, eu não sambo mais em vão / o meu samba tem cordão / o meu bloco tem sem ter e ainda assim / sambo bem a dois por mim / bambo e só, mas sambo, sim, / sambo por gostar de alguém, gostar de..."
Hoje é imperativo que se medito nisto. Mais que ler por alto, tirar tempo para viajar por cada um dos textos mencionados nesta meditação. Registá-los um a um, se tal for possível. Gravar. Beber sofregamente!
"Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite." (Isaías 55:1)
O facto de ter um blog tem surgido em conversa ultimamente, e isso tem-me levado a pensar sobre ele. Reparo que me é particularmente difícil descrevê-lo; não é um blog de crítica/comentários a alguma coisa, não é um blog-diário, não é um blog de pensamentos profundos... é uma manta de retalhos, um expositor das coisas de que gosto, de pensares e sentires, muitas vezes, evasivos.
Esta reflexão tem criado em mim o desejo por uma nova maneira de registo e de exposição, mais clara e mais inclusiva. A mudança, até nesta coisa pequenina que é um blog, não é muito confortável. Até agora, as implicações parecem incluir uma mudança de domínio, uma nova designação e uma nova postura na composição das palavras. Em mim sempre houve uma resistência ao estranho mundo das coisas que mudam, como se eu não lhe pertencesse.
Os dons são para servir. Desengane-se o meu ser se sente ou crê, no íntimo dos íntimos, que os dons são para promoção e/ou bajulação. Os dons são para usar, são para gastar, são para abusar no dar. Os dons são para trabalhar!
Os dons são para alimentar, são para nutrir. Os dons são para aqueles que estão em redor usufruirem deles, sem restrições. Se há a consciência de se ter um dom, embrulhe-se isso em grandes quantidades de amor e distribua-se indiscriminadamente.
Como é possível, isto? Duas décadas e dois anos? O quê?!
Uma vida tão cheia mas tão curta. Tantos anos que voaram, correndo! E continuam a desenrolar-se a uma velocidade impressionante, continuam a ser vividos com tamanha intensidade!...
22.
E eu sinto-me cada vez mais pequena perante o futuro, cada vez mais impotente, a precisar de cada vez mais arranjos, a almejar uma maturação cada vez maior.
22.
Um número delicioso de desenhar, de observar. E com ele, duas (2) coisas:
Obrigada pelas Tuas promessas que nunca se quebram. Obrigada pelo Teu amor infindável. A tudo o que pedi, anuiste; e tudo o que almejei, concedeste. Fundamentalmente, obrigada pela forma transformadora como as nossas conversas se têm desenvolvido. Orar e caminhar Contigo à frente tem sido por demais delicioso.
Eu queria escrever mais, melhor; queria explicar mais claramente como tem sido fabuloso descobrir a cada manhã que és Deus, real, eterno e tangível. Mas hoje só consigo este apontamento.
Agradeço a Tua imutabilidade eterna. E os Teus propósitos, cumpridos com precisão e doçura, com sabedoria; sempre, sempre, sempre cheios de paz.
Mateus 5:29-30 é uma exortação a que se tenha uma concepção mais profunda do adultério. Esta passagem encerra o princípio de que se há algo em mim que me faz tropeçar, cair, cambalear, esse algo deve ser decepado do meu ser, cortado, peremptoriamente eliminado. É um princípio radical e, em certa medida, escandaloso. É difícil aguentar as consequências de uma amputação, seja ela de que ordem for. Se há corte, tal decorrerá em ausência, e lidar com essa ausência implicará novas aprendizagens, novos mecanismos; implicará a adaptação a uma realidade distinta e, numa fase inicial, adversa e repugnante. Os mesmos versículos não nos dizem que aquilo que necessitamos de amputar em nós é mau em si mesmo; pelo contrário, o que é a pedra de tropeço de um pode ser a muleta de outro; estes versos convidam à auto-análise e à decisão peremptória, não por fanatismos, mas pela profunda auto-consciência das fraquezas que compõem a cada um.
Tudo isto para dizer que eliminei definitivamente a minha conta no facebook. Segundo o site, ainda terei 14 dias para reconsiderar. Depois disso, nem um resquício da minha conta (embora se saiba bem que a minha informação, irrelevante, ficará armazenada como aqui se conta). Só sentirei verdadeiras saudades do que ali se partilhava em secreto, e dos mimos que trocava com os meus queridos que estão muito longe. De resto, entre a procrastinação e o descuido, entre o falso acompanhamento da vida das pessoas e a cábula para recordar o dia mais notório das suas vidas (o primeiro), só suspiro de alívio.
...to read, read, read! Not because i'm obliged to do it but, simply, so i can grow. With the help of a dear friend, i decided to start with Philip Yancey's book "Prayer - does it make any difference?"
"Be still and know that I am God" (Psalm 46:10). "To let God be God, of course, means climbing down from my own executive chair of control. I must uncreate the world i have so carefully fashioned to further my ends and advance my cause. (...) If original sin traces back to two people striving to become like God, the first step in prayer is to acknowledge or 'remember' God - to restore the truth of the universe. 'That Man may know he dwells not in his own,' said Milton."
"In prayer i shift my point of view away from my own selfishness. I climb above timberline and look down at the speck that is myself. I gaze at the stars and recall what role i or any of us play in a universe beyond comprehension. Prayer is the act of seeing reality from God's point of view."
Thinking and reading about prayer has been quite extraordinary, especially because i'm discovering this utterly lovely language.
Yet, grow in and trough praying has been the best part♥
Pela graça do grande e poderoso Deus, há poetas que me traduzem, há compositores que me traduzem, há intérpretes que me traduzem. Não só isto, como também me deixam atonitamente deliciada com a música que fazem brotar dos seus instrumentos.
Eis o quinteto maravilha (George Coleman, Herbie Hancock, Ron Carter, Tonny Williams e Miles Davis) a interpretar este "I fall in love too easily", do álbum Seven steps to heaven (♥ ♥ ♥)
E eis o original (de Jule Styne e com letra de Sammy Cahn), interpretado pelo maravilhoso Frank Sinatra (no filme Anchors Aweigh, onde se ouviu esta canção pela primeira vez).
(temo muito escrever este texto, mas é imperativo que o escreva)
Se houve um último aspecto que marcou o Verão passado foi, com certeza, a compreensão deste facto: ainda há homens no mundo.
(uma pequena pausa para rir e tomar balanço na redacção)
Ainda há homens no mundo. Mas homens a sério. Homens que não são meninos reguilas, traquinas, despreocupados, sem objectivos; homens que não são indecisos ou atormentados por expectativas. Ainda há homens que tomam decisões conscientes, que buscam a vontade de Deus para as suas vidas, que sabem ser cautelosos e esperar, e que sabem agir quando assim tem de ser. Ainda há homens no mundo. Há homens que, num período de 10 dias, resolvem um casamento. Há homens que, num período de 8 dias, conquistam corações e são prometidos. Há homens cultos, que sabem conversar, que têm opiniões construídas sobre o que os rodeia. Ainda há homens no mundo. Há homens que riem, que brincam, que respeitam, que honram os compromissos. Há homens que se vergam perante o seu Senhor, homens que lêem, que se preocupam em estudar a Bíblia profundamente. Há homens que se sacrificam e fazem o que tem de ser feito, mesmo que não seja isso aquilo que mais gostam. Ainda há homens no mundo que, tendo medo de se expôr, fazem-no; pelo bem da verdade e daquilo que querem construir. Ainda há, note-se!, cavalheiros, homens educados e de palavras aprazíveis.
Durante vários anos julguei que eles não existiam, que a fábrica que os produz tinha declarado falência e fechado, para sempre. O Verão passado foi a prova cabal de que tal não é verdade. E não me refiro só a homens crescidos, chefes de família. Refiro-me também a homens jovens. E também a homens adolescentes, que só agora começaram o caminho para se cumprirem.
(uma pequena pausa para rir e suspirar)
Mas, graças a Deus!, ainda há homens. E eu vi muitos, no Verão de 2011.
Foi no Verão passado que, pela primeira vez, coloquei os pés no Alentejo (apesar de não me ter aventurado muito para o interior). Desde o primeiro instante, tudo foi puro amor. O ar quente, o cheiro adocicado, as pessoas pacatas, o tempo, tempo, tempo, espraiado!... Os bichos molengões, as noites frescas, o céu imensamente estrelado. As árvores baixas, as sombras apaziguadoras, e o pôr-de-sol numa varanda de altíssimas delícias! Ali, no meu primeiro contacto com estas terras quentes, confirmaram-se as existências que atencederam a minha, acordando em mim a costela do meu remoto bisavô alentejano, em sobressalto. Sim, eu sou do campo, eu sou do quente, e o meu coração descobriu um lugar novo para chamar casa.
Também foi no Verão passado que, pela primeira vez, tive real e intenso contacto com gentes algarvias (apesar de já ter estado no Algarve há uns valentes anos). O seu sotaque ímpar, a sua franqueza simples, o riso fácil que acompanha uma timidez cautelosa... A forma como se vão deixando conquistar, vagarosa e cuidadosamente, e o abraço que abrem quando, mutuamente, temos os corações entranhados, as expressões de genuíno carinho e a descontração de quem vive tranquilo... Tudo neste povo me encanta e me deleita, e só alimentam em mim a vontade de visitar Alfandânga, Olhão, Fuzeta, Faro e outros locais que tais, indo para perto dos amigos (os campistas e os crescidos), que me alimentaram de calorosa alegria. Sim, eu sou da praia, dos chinelos, dos pés descalços, dos risos que se vão conhecendo cada vez melhor.
A minha casa é, definitivamente, uma terra quente.
Four days have already passed since 2012 began, and i still couldn't reconcile on how to reboot this blue window, one that has become increasingly covered by drapes of shyness. Nevertheless, one thing i knew for sure: i wanted this new year of posting to start in this foreign language. English will never be the language of my soul, i know it for a fact; but it's a language i'm learning to love,savor and treasure. Besides, it's always a good thing to ponder, write and ramble in a new language. It provides a new pliancy to the heart (not to mention the brain).
English is also the language in which this article is written. "Trading One Dramatic Resolution for 10,000 Little Ones" sums up much of what i've learned recently in a very powerful way. I hope you can take some time to read it all, but can't resist to leave you with my three favorite paragraphs:
"But the reality is that few smokers actually quit because of a single moment of resolve, few obese people have become slim and healthy because of one dramatic moment of commitment, few people who were deeply in debt have changed their financial lifestyle because they resolved to do so as the old year gave way to the new, and few marriages have been changed by the means of one dramatic resolution."
"The little moments of life are profoundly important precisely because they are the little moments that we live in and that form us. This is where I think "Big Drama Christianity" gets us into trouble. It can cause us to devalue the significance of the little moments of life and the "small-change" grace that meets us there. And because we devalue the little moments where we live, we don't tend to notice the sin that gets exposed there. We fail to seek the grace that is offered to us."
"And what makes all of this possible? Relentless, transforming, little-moment grace. You see, Jesus is Emmanuel not just because he came to earth, but because He makes you the place where he dwells. This means he is present and active in all the mundane moments of your daily life."
And this immediately reminded me of this idea who has grown on me:"Matthew (echoing the prophet Isaiah) makes sure we hear the name of this One who is coming for us: Immanuel. There’s a whole world of hope in that name." (Near, by Winn Collier). If all the other new year's resolutions fail, i hope i can stick to this one: to remember Immanuel in all my ways and allowing His will to prevail in all my little moments.