domingo, 11 de dezembro de 2011

"Se eu soubesse"

Não sei bem como é que um músico se consegue aprimorar de forma explícita e contínua, como se essa superação fosse fácil e imediata; mas isso acontece e a prova viva é o senhor Chico Buarque. Muito há a dizer acerca dele e deste seu último disco, mas nem as palavras são suficientes nem o tempo estica. 

(Receio que vá cair nas minhas mesmices, nas expressões de sempre, mas não importa.)

Nesta música ele conjuga palavras simples, vozes aveludadas e notas que escorregam pelos ouvidos com uma suavidade ímpar. Não sei bem como é que isto se faz, mas arrisco-me a dizer que é preciso ser-se um génio-fazedor-de-delícias. É preciso ter a alma entranhada em sensibilidade. É preciso conhecer os silêncios e os barulhos das sílabas enroladas na língua. É preciso usar mais que os dedos para fazer soar as notas. É preciso tempo, experiência e humildade. E se, para além disto, é preciso mais alguma coisa, esta "Se eu soubesse" prova que o Chico Buarque tem.


Ah, se eu soubesse não andava na rua
Perigos não corria
Não tinha amigos, não bebia, já não ria à toa
Não ia, enfim, cruzar contigo jamais

Ah, se eu pudesse te diria, na boa,
"Não sou mais uma das tais
Não vivo com a cabeça na lua!"
Nem cantarei "eu te amo demais";
Casava com outro, se fosse capaz.

Mas acontece que eu saí por aí
E aí... larari larari larara lariri!... 

Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua.
Pobre de mim; sonhar contigo, jamais.

Ah, se eu pudesse não caía na tua conversa mole outra vez,
Não dava mole à tua pessoa.
Te abandonava prostrado aos meus pés,
Fugia nos braços de um outro rapaz.

Mas acontece que eu sorri para ti
E aí... larari, larara, diriri!...

pom, pom, pom, 
pom, pom, pom, pom, pom
pom, pom, pom, 
pom, pom, pom, pom, pom

Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua.
Pobre de mim; sonhar contigo, jamais.

Ah, se eu pudesse não caía na tua conversa mole outra vez,
Não dava mole à tua pessoa.
Te abandonava prostrado aos meus pés,
Fugia nos braços de um outro rapaz.

Mas acontece que eu sorri para ti
E aí... larari, larara, diriri!...
Larari, larara, larara lariri!... 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Fora de ordem (7)

Na espera, o tempo escorrega para um aumentador e cresce, desvairado, até não haver mais espaço para o conter. Na espera, o tempo agiganta-se e a alma indescansa-se; são factos.

Na espera, o tempo é o fermento da fé (!!!).



(já está visto que, comigo, não vale a pena agendar posts -.-' mas não me esqueço deles, prometo!)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fora de ordem (6)

O meu amigo André Mota tem um blog, e lá ele partilhou isto:


A minha querida amiga Rebeca Pascoal também tem um blog, e lá ela partilhou isto:


Eu achei que devia fazer o mesmo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Fora de ordem (5)

Em 1938, o senhor Ned Washington escreveu um dos poemas mais bonitos de sempre, o senhor Hoagy Carmichael vestiu-o com uma canção de encantar e, muitos anos depois, as senhoras Marian Mcpartland e Norah Jones recordam-no, fazendo-me deliciar em modo repeat track. Esta obra fala por si.


It's not the pale moon that excites me
That thrills and delights me,
Oh no. It's just the nearness of you.

It isn't your sweet conversation
That brings this sensation,
Oh no. It's just the nearness of you.

When you're in my arms
And I feel you so close to me
Then, all my wildest dreams... they come true.

I need no soft lights to enchant me
If you will only grant me
The right to hold you ever so tight
And to feel in the night the nearness of you.

                                                       The nearness of you

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

You pour your heart into something, ...

... something tiny.
... something unprecise.
... something crazy!

And then you wait.
You wait on that dream, that little something.

That's all. Wait.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Fora de ordem (3)

Rebeca Pascoal e Ana Nunes, acho que chegámos a um compromisso equilibrado (e extraordinário) entre a vossa amada pop e o meu amado jazz.

Já ouviram esta pessoa?




Cousin Caroline, MIL OBRIGADAS! ♥ ♥ 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Não se dão beijinhos aos anjos

Ele chegou de cara fechada, feições geométricas e pouco abertas ao riso fácil. Ele falou com a autoridade de quem conhece bem as realidades espirituais, e orou de uma forma, para mim, nova; com tal profundidade e força que quase se sentiram estremecimentos nos limites físicos daquela sala. As palavras que ele deixou trouxeram descanso à minha alma, uma paz sobrenatural, literalmente. É que, nos dias anteriores àqueles, tinha experimentado o medo, verdadeiramente, pela primeira vez. A insegurança palpável, a respiração dificultada por batimentos cardíacos descompassados, aflitos (!). Uma tremenda sensação de impotência e vulnerabilidade, a compreensão clara da possibilidade real de tudo correr mal, ser mau, produzir sequelas gravíssimas.

Tudo isto aconteceu na segurança do meu quarto, de Bíblia no colo. A minha inabalável confiança foi usurpada por um relato horripilante, tão comum neste tempo em que nos encontramos. E os dias e as noites passaram a ser assim, povoados por uma aflição dolorosa, por uma inquietação constante, fruto de uma consciência nova: não é, de todo, impossível que a vida me reserve surpresas nefastas. A tormenta vivida dentro do peito fez-me buscar mais, pedir mais, depender mais. E o culminar desta aprendizagem foi a visita desse anjo (que de angelical nada tem), um mensageiro com palavras de força, de acção, de fé, de capacitação. A sua visita resultou numa compreensão mais clara da base da minha segurança e confiança: deixei de estar firme numa vida vivida num balão cor-de-rosa, e a certeza da protecção passou a ancorar-se na consciência de estar num mundo tenebroso e negro e nunca (NUNCA!) me ter sucedido nada de mal. 

- Pastor W., muito obrigada por ter vindo!
disse, efusiva nos meus agradecimentos. Mas eu não sabia que os anjos não são dados a beijinhos, e recebi de volta um grunhido e uma tentativa de sorriso, dirigindo-se, posteriormente, à saída, numa passada larga e de um modo muito pouco celeste. Chegou, confortou, capacitou, orou, foi usado para transformar e saiu abruptamente, sem sequer saber o impacto que tinha deixado em mim, para sempre.

Deve ter voado para servir noutro lado...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

"You're ablaze in beauty! Yes. Yes. Yes."

A leitura deste livro despertou-me para uma imensidão de aspectos da minha caminhada cristã nos quais ainda não tinha pensado, sendo um deles a existência e importância de inúmeras traduções do texto bíblico. Nunca tinha parado para pensar no porquê de existirem tantas traduções da Bíblia, as boas e as más, as eruditas e as fáceis, as comentadas e as simples... Quando Rick Warren menciona este facto, ele declara ser um bom princípio consultar várias traduções do mesmo texto, pois isso coloca-nos em contacto com um leque alargado de sinónimos, apura o nosso sentido crítico (proveniente da observação de perspectivas paralelas), motiva-nos para o estudo do texto original e, por último, resulta em expressões de louvor mais ricas, mais fundamentadas e mais profundas.

Há mais de um mês trás, no meu local de trabalho, a meditação neste texto conduziu-nos à tão afamada oração do Pai Nosso, mas desta vez numa tradução completamente diferente; e foi tão (tão!) delicioso ler e compreender com palavras novas (e olhos novos) a oração que a tantos acompanha (mesmo àqueles que não vêem o seu esplendor por completo...). Eis o texto de Mateus 6:7-13 em português...

"O mundo está cheio de pessoas que se julgam guerreiros de oração, mas que nem sabem o que é orar. Utilizam-se fórmulas, programas, conselhos e técnicas de vendas para conseguir o que querem de Deus. Não façam essa asneira. Vocês estão diante do Pai! E Ele sabe de que é que estão a precisar, melhor que vocês mesmos. Com um Deus assim, que vos ama tanto, vocês podem orar de maneira muito simples. Deste modo:

   Nosso Pai do céu,
   Revela-nos quem Tu és.
   Corrige este mundo.
   Faz o que é melhor - tanto aí em cima como aqui em baixo.
   Conserva-nos vivos com três boas refeições.
   Preserva-nos perdoados por Ti e perdoando os outros.
   Guarda-nos de nós mesmos e do Diabo.
   Tu estás no comando!
   Tu podes fazer tudo o que quiseres!
   A Tua beleza é fascinante!
      Amén. Amén. Amén."

... que toma contornos ainda mais impressionantes quando é lido em inglês:


"The world is full of so-called prayer warriors who are prayer-ignorant. They're full of formulas and programs and advice, peddling techniques for getting what you want from God. Don't fall for that nonsense. This is your Father you are dealing with, and He knows better than you what you need. With a God like this loving you, you can pray very simply. Like this: 


   Our Father in heaven, 

   Reveal who You are. 
   Set the world right; 
   Do what's best— as above, so below. 
   Keep us alive with three square meals. 
   Keep us forgiven with You and forgiving others. 
   Keep us safe from ourselves and the Devil. 
   You're in charge! 
   You can do anything You want! 
   You're ablaze in beauty! 
      Yes. Yes. Yes."






You're ablaze in beauty! A Tua beleza é um fogo ardente.
You're ablaze in beauty! A Tua beleza é uma luz brilhante e extasiante.
You're ablaze in beauty! O Teu intenso brilho reflectido torna belo quem a Ti se dobra.     
        Yes. Yes. Yes. Amén. Amén. Amén.

domingo, 20 de novembro de 2011

Fora de ordem (2)

Dia 01/06/11 escrevi assim:
Ainda fico abismada com a imensidão Dele, mesmo depois deste nove anos de convivência e conhecimento. Para mim, a Sua constância ainda é incrível, a Sua fidelidade, a Sua majestade. Ainda me surpreendo tremendamente com as coisas que Ele permite que me aconteçam. Depois ouço "tenho orado por ti", das bocas, dos olhos, dos gestos daqueles que me amam; e subitamente, um click facilitador: compreendo.
(já é tempo de deixar esta declaração publicada)

Dia 08/09/11, aqui, escrevi assim:

Isaías será Outono, Inverno e Primavera.

(é tão premente reiterar-me, por ser tão assustadoramente verdade)



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Fora de ordem

Foi no dia 20 de Junho de 2006 que comecei a escrever um blog. Chamava-se "Um e Dois e Três - mais um blog", e eu tinha 16 anos.

(16 anos. Usava pontos finais em vez de hífenes.
16 anos. Referia-me ao meu pecado com as palavras dos filósofos que estudava nas aulas.
16 anos! "Mocidade, onde vais?")

Se hoje me considero uma criança, em 2006 ainda o era mais (!) apesar de, na altura, me considerar tão crescida... Porém, por incrível que pareça, muito daquele primeiro post faz parte do meu âmago, pelo que não lhe faria grandes alterações, apenas apresentaria 98% daquela informação de forma diferente.

E tudo isto foi suscitado por estes novos templates dinâmicos que o blogger criou, e que me deixaram (deixam!) extasiada. Ainda ficam mais bonitos quando aprendemos a utilizar as fontes da web oferecidas pelo Google.

Este texto é composto por pensamentos descolados que se desencadearam uns aos outros.
Este post está fora de ordem, os próximos já estarão conforme as declarações anteriores.
Este blog tem 5 anos.

Isto também podia ser uma composição da primeira classe.
Logicamente, terminaria assim:

FIM


domingo, 16 de outubro de 2011

"Não és assim tão importante..."

"Não és assim tão importante. Não penses que as tuas confissões, medos, erros, podem abalar a vida de alguém de tal forma que essa pessoa chegue a cair e nunca mais se possa levantar. Não és assim tão importante. O facto de te abrires com alguém e lhe mostrares as tuas entranhas, ou parte delas, não vai destruir o amor desse alguém por ti. Vai destruir a ideia de que és uma pessoa "certinha", mas isso, de qualquer das formas, já era mentira!... Só vai destruir a ideia errada que esse alguém tem de ti; e é sobre a verdade que se constrói uma comunidade a sério. Não és assim tão importante. E precisas de falar, precisas de dar pedaços de ti a outros irmãos, precisas de ser alvo do cuidado dos outros. O trabalho de Deus, de amparar os Seus, não é da tua responsabilidade. Não és assim tão importante. E o que os teus irmãos não sabem acerca de ti dá-te poder (que não te pertence; o poder é de Deus), faz-te orgulhosa (faz-te pensar que tens um valor superior ao real), faz-te mentirosa (omitir é mentir, certo?), alimenta o medo (e o medo é o pior inimigo do amor, o maior impedimento do seu crescimento) e, sobretudo, impede os teus irmãos de serem misericordiosos contigo e de te perdoarem (não só não estás a ser alvo de perdão e misericórdia, como estás a impedir que outros obedeçam ao maior mandamento). Não és assim tão importante. E se queres eliminar o medo, o orgulho, o poder e a mentira; se queres receber perdão, cuidado, e ser inundada pela misericórdia, tens de falar, tens de confessar, tens de confrontar e tens de te dar. Assim, cresces; porque te humilhas, porque dizes a verdade, e porque constróis intimidade em amor. Não és assim tão importante. Não te esqueças, o Espírito Santo habita no coração dos irmãos com quem fazes isto! Por ventura és maior que Deus?"


Foi o que me disse uma professora da faculdade em que estou a estudar actualmente.
Não necessariamente por esta ordem.
(Ela disse-o em frente à turma inteira, mas pareceu-me que mo disse mesmo a mim)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Próximos capítulos

Queridos e queridas que me lêem (apesar de não saber bem quantos são):
É duro ser aquilo que não gosto: dona de um blog desactualizado durante várias semanas. Tem sido difícil escrever aqui (especialmente porque há tanto para dizer). Valerá a pena explicar as contingências do tempo e da sua gestão? (suspiro)
Em jeito de pedido de perdão, eis o que podem esperar (em termos de títulos) dos próximos posts:
  • Verão '11 – Homens
  • Verão '11 – Terras quentes
  • Não se dão beijinhos aos anjos
  • “Não és assim tão importante...”
  • O prometido não é de vidro
  • “You're ablaze in beauty. Yes. Yes. Yes.”
Deixo beijinhos a todos os que ainda têm paciência de espreitar o que cá se deixa (Amora, Meg, Ana-Nuninhas, são as únicas que tenho consciência de que o fazem), mas um xi-coração especial à Bitas, por ser sempre tão doce e encorajadora nos comentários que aqui deixa (:
Tentarei ser célere e fazer isto bem. É que o meu gozo é escrever-vos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Verão '11 - Adolescentes

Os adolescentes nunca foram as minhas pessoas preferidas, até este Verão. Tinha bastantes problemas em conversar com eles, compreender as suas crises e palavras, acompanhar os seus desvarios, chegar até eles. Ora, isto constituía um grande (grande!) problema, não apenas enquanto cristã (que, por definição, ama a todos), mas enquanto líder de um grupo destes adolescentes. Só me ocorreu pedir-Lhe ajuda; "ajuda-me, que sozinha não consigo amar estas pessoas! Dá-me paciência, ensina-me como posso gostar deles!"

Nos entretantos, fui conversando com pessoas que me podiam instruir nesta área, procurando documentar-me e preparar-me para aquelas semanas de férias a mentorear meninos e meninas entre os 13 e os 16 anos. A transformação mais significativa, porém, não adveio dessas conversações. Quando comecei a mergulhar na literatura para adolescentes, compreendi que em muitas (muitas!) coisas sou extremamente parecida com eles. Quando comecei a mergulhar na "literatura" que produzi enquanto adolescente, compreendi que, ao contrário do que me dizia a memória, eu já percorri o caminho em que eles agora estão. E "eis quando senão" uma coisa inédita acontece: a sua outrora aborrecência desata a entranhar-se no meu coração, dando-me um tremendo gozo e à vontade, nunca antes experimentado por mim.

Subitamente, conseguia conversar, rir, exortar, ser companheira, ser palhaça, estar entre adolescentes confortavelmente, e amar muito as suas idiossincrasias... É quando pedimos a Deus que nos ensine a amar os outros que Ele nos abre os olhos para as coisas maravilhosas que nos outros habitam. E nem consigo contar ou descrever as coisas lindas que os meus olhos (bem abertos!) viram este Verão, na vida breve de tantos adolescentes.

Os adolescentes nunca foram as minhas pessoas preferidas, até este bendito Verão de 2011. E quão bom é saber que este amor se prolongará indefinidamente, até que ele esteja aqui de novo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Verão '11 - Palavra

Desde cedo na minha caminhada cristã que ouvia os mais crescidos (na fé) dizerem que Deus fala connosco e revela a Sua vontade aos que O buscam. Durante alguns anos estas palavras eram misteriosas para mim: como pode ser isso? Ouve-se mesmo uma voz? Há efectivamente alguém que nos enviam mensagens explícitas sobre seguir o caminho da direita ou o da esquerda?

Pude experimentar as respostas a estas perguntas durante este Verão. Sim, é verdade, Deus fala connosco. Sim, é verdade, de forma explícita e inegável. Quem me lê pode ser levado a pensar que foi a primeira vez que vivi este tipo de experiências; não é bem assim - quando dedicamos mais tempo a conversar com Deus sobre aquilo que Ele gosta, aquilo que nós gostamos e como é que estas duas coisas podem co-existir, vamos percebendo melhor quais são as direcções que devemos imprimir às nossas decisões. Por isso, não vivi as respostas àquelas perguntas pela primeira vez. Porém, a intensidade, a clareza e a especificidade do Papá em cada momento são mesmo difíceis de descrever; este Verão trouxe um novo modo de olhar para a Sua Palavra e para a sabedoria que dela emana.

Não encontro adjectivos que façam jus à maneira como Ele falou a grupos de meninas, a duas meninas, a adolescentes ao redor de uma fogueira, a conselheiros no final de um dia extenuante, em varandas, em sofás, em pinhais, em quartos, em planícies alentejanas... Estar no centro daquilo que Ele deseja traz uma grande dose de revelação. Uma grande dose de revelação traz uma imensidão de espanto. E um tão grande espanto só resulta numa profunda paixão por Jesus.

"Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos (...). Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são (...)"

I Coríntios 1:21-24; 27-28

sábado, 10 de setembro de 2011

Verão '11 - Amor

O amor pintou este Verão de forma declarada e abundante! Não só pelo número de namoros que tiveram início, mas também pelos namoros tornados noivados, pelos noivados tornados casamentos, e por aquilo que, através da Sua Palavra, o Senhor declarou sem cessar.

É preciso agradecer ao Dono do Céu pelas famílias que, no segredo de uma oração, tiveram início neste frutífero Verão (umas mais verdinhas e outras mais maduras na sua caminhada). É essencial dar-Lhe graças pelas Suas declarações audazes: que a espera traz uma descendência feliz, que as promessas não serão esquecidas nem falharão, e que, no meio de tanto mel, o objectivo é um e um só: que nasça uma nova geração de adoradores que adoram o Pai em espírito e em verdade.

No fim, é tudo por Ele, dEle e para Ele; só.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pessoas

As minhas pessoas são as melhores e mais abençoadoras. As minhas pessoas são amadas por mim e são colocadas aos pés do Papá de dia em dia. As minhas pessoas foram usadas por Deus para fazer do meu Verão um tempo de crescimento hardcore. Algumas das minhas pessoas nem sempre o foram, porém, agora inundam a minha alma e fazem-me crescer: as minhas pessoas-adolescentes.

A minha vida está repleta de pessoas bonitas, por causa de uma Pessoa só, que se deu por elas.

E eu tenho a melhor vida. A melhor de todas.
Não é um devaneio, é um facto.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

"We'll see..."


Lembro-me muito bem da apreensão que me inundava no início deste final de licenciatura, do coração que pulsava tão descompassadamente e me deixava em claro, noite após noite. Lembro-me do medo, do grande e monstruoso medo de falhar e não conseguir completar aquilo a que me propus há três anos atrás. Lembro-me de ver as minhas colegas e amigas festejarem com fitas e capas este grande culminar, e de o não querer para mim, por não estar segura de poder fazê-lo. Lembro-me de lutar, literalmente, contra mim mesma durante os muitos dias de trabalhos e frequências, dos ralhetes (certeiros) que ouvi, dos tropeços perdoados e das ajudas preciosas, de me obrigar a sair de casa quando a única coisa que tinha vontade de fazer era desistir.

Lembro-me de tudo isso; e depois lembro-me de orar, muito, e de ir sabendo, aqui e ali, que os meus queridos também o faziam. E estou bem certa de que os resultados que agora surgem, as bênçãos que brotam nem sei bem porquê (!), são fruto desse batalhão que por mim muito intercedeu. Portanto, a vida tem sido isto: sentir-me cada vez mais esmagada pelo Seu poderio tremendo, pela Sua misericórdia e amor inexplicáveis; saber que todas aquelas horas de luta interior intensa valeram a pena - pois há um dia em que, subitamente, o comportamento se transforma naquilo que é desejável; e saber que, apesar ainda não ter lá chegado, vejo a meta mais próxima - e é isso que alenta este sprint final.

Há uma apreensão relativamente ao amanhã que se mantém. Agora, porém, faz-se acompanhar por uma confiança cega de que, de uma ou de outra forma, tudo estará bem quando acabar bem. É como canta a Luísa: "But I'm not there yet / but someday I'll be / and i'm not there yet / ...we'll see."

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sono

Assim que crescer escreverei uma ode ao sono, esse bendito estado de placidez, de reposição de energias, de abandono temporário do mundo consciente. Sim, uma ode ao sono terá de estar, indubitavelmente, entre os meus escritos, privados ou públicos, dado que ele precisa de saber o quanto eu o preso, como gosto de lhe fazer a vontade, como o meu cérebro fica mais quente e mais lento quando a ele não me entrego, como o meu dia é (só) um bocadinho (de nada) mais triste se tenho de o carregar para trás e para diante.

Oh, meu querido sono! Para quando o nosso rendez-vous, sem quaisquer ansiedades ou preocupações; só nós? Perdoa-me, não conversemos agora que tenho muito que fazer.

Durmo depois.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

VIAGEM

É chegada a hora! Façamos as malas, empacotemos os pertences, enchamos a alma de ânimo e partamos!

Há inimigos para combater, um Reino pelo qual lutar, há tendas para montar em territórios por conhecer. É chegada a hora, partamos para o destino que nos foi prometido, sem medo e sem hesitação.

(O Verão inflama-me, e muito)

sábado, 18 de junho de 2011

Novo


A novidade tem um cheiro bom, uma cor bonita, um sabor em tudo viciante. Todo o novo mitiga o que já passou, e faz sonhar com futuros que se renovam, nunca se fazendo, portanto, velhos. A novidade, delícia, palpita no meio do estômago e acelera o correr do sangue pelo corpo inteiro. E essa energia constante não fatiga, antes sabe bem. Porém, uma coisa se desconhece acerca desta tão afamada: há que buscá-la. Há que buscá-la em todo o tempo, desenlear os segredos que fazem o que é novo ser assim tão especial.

“Ei ei ei novidadi! Ei ei ei ah

Ei ei ei novidadi, ye! Ei ei ei ah”

domingo, 12 de junho de 2011

Os dois

Fui separada à nascença da minha terra natal e de todas as delícias que lhe pertencem. As minhas tias ainda eram novas quando emigraram pela segunda vez, vi os meus primos crescer ao longe, assim como eles a mim. Quando entrei na idade dos verdadeiros melhores amigos eles eram sempre (e ainda são) de longe, tendo tido, por isso, o privilégio de arranjar grandes arrelias devido a contas de telefone dispendiosas e selos (muitos selos).

Como é que, então, ainda não me habituei às despedidas, às comunicações transatlânticas, a ter a minha vista longe dos meus? Como é que ainda não aprendi a criar imunidade à dor da falta, e como posso conceber estar em tantos países com tantas pessoas que amo ao mesmo tempo? Para disfarçar, vou sorrindo e limpando as lágrimas, ignorando o futuro custoso que a ausência trará e acenando, mais uma vez; sonhando com altos vôos e gritando um esperançoso "até breve" (aos pedaços de coração que embarcam para outras terras).

(suspiro)

Esta dicotomia - a nostalgia da saudade e a necessidade de voar para se fazer inteiro noutras paragens - só é passível de ser compreendida de duas formas: ou se é português, ou se é emigrante.

Eu sou os dois.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Fidelidade

Os dias continuam passando, correndo,
Com os gerúndios conferindo um sabor especial à existência.
O Papá não cessa de se revelar o grande "Eu sou", em tudo.

Uma vez que as palavras parcas limitam a descrição,
Só posso cantar, como que orando, sem cessar.

Obrigada pela Tua graça maravilhosa, que superabunda em cada um dos dias.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Faltam:

- 24 horas para apresentar o último trabalho de Psicologia Clínica e da Saúde;
- 4 dias para entregar o trabalho de Diagnóstico de Intervenção em Grupos;
- 4 dias para terminar o trabalho de Sociologia da Informação e das Redes;
- 6 dias para apresentar o trabalho de Sociologia da Informação e das Redes;
- 9 dias para entregar o trabalho de Psicologia Clínica e da Saúde;
- 10 dias para entregar o trabalho de Competências Académicas II;
- 11 dias para o início da época de frequências. Logo, 11 dias para a minha primeira frequência;
- 18 dias para entregar o trabalho de Avaliação Psicológica;

- 10 dias para as aulas acabarem.


Oram por mim, por favor?
(é que estou a precisar especialmente)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Facto.

Quando tudo custa muito, o que me salva é o Amor.
Quando custa muito escrever, estar longe dos meus, confinar-me aos livros, concentrar-me, não procrastinar, trabalhar arduamente; o que me salva é o Amor.

O Amor na sua expressão directa - a misericórdia e graça do Papá; mas também o amor que deambula pelos sonhos, que embala as horas, que suaviza tudo.

(e ao escrever ao som desta canção, consegui rebentar a escala da lamechice, mais uma vez!)


Já dizia a minha mãe,
"não é defeito, é feitio."


sábado, 14 de maio de 2011

Marcos 8:34b

"Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me." - Jesus Cristo

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Outra vez.

Sentir muitos sentimentos e não saber como escrever sobre eles.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Entranhas expostas

Tenho sempre muito medo que as minhas faltas e falhas hajam como um repelente para ti. Tenho medo que mudes, que depois de tantas horas de separação o teu riso não seja mais o mesmo, nem a tua voz, nem o teu íntimo. Também tenho medo do esquecimento, da inconsistência, das deformações mnésicas. Tenho medo que me aches inquisidora e que, portanto, nada partilhes. Tenho medo que me deixes para trás. Que me excluas da roda da tua existência. Receio que espalhes pelo vento os secretos segredos que deixei contigo.


E depois concluo que o que tenho, na verdade, é muito medo de mim.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Resposta: sim.

Há um ideal romântico associado às bicicletas: uma roda grande atrás, uma roda menor à frente, um cesto florido, um apoio para outras cargas, vento na cara, pisos planos, sorrir e cumprimentar a quem connosco se cruza na rua, entre outras coisas que tais. Ninguém menciona as mazelas nas pernas, fruto dos pedais que com elas chocam ou algum arame mais afiado, ninguém refere o esforço duplicado por cada rua mais inclinada, mesmo que ligeiramente, ninguém se lembra do suor, da vermelhidão no rosto, dos carros amedrontadores e velozes, dos passeios irregulares e apertados, dos parcos acessos para quem anda sobre rodas.



Não é assim tão simples ser ciclista na cidade, nem tão idílico como eu pensava. Agora sei que, enquanto desejava ardentemente uma bicicleta, não sabia o que pedia. Ainda assim, tive, e de graça (não são assim todas as bênçãos?). Utilizá-la como meio de transporte não é um trabalho ligeiro, como é passear pelo Parque das Nações; mas traz um sabor novo e bom, uma nova consciência, uma gratidão renovada.

Já posso pedalar todos os dias. Pastor Virgílio, muito obrigada!

sábado, 2 de abril de 2011

Casa.

A casa é um reflexo de quem a habita e das suas preocupações. Um dos meus maiores sonhos é ter uma casa, todos quantos me conhecem de verdade o sabem bem. Sonho com ela dia e noite, e apesar da incerteza que circunda este sonho, e de como ele se elabora com alguma volatilidade, há coisas tremendamente definidas no que à minha casa concerne:



  1. Terá as portas escancaradas. “Se vens por bem, fica.”

  2. Se for possível, não terá televisão. Se tiver televisão, será pequena e não estará no centro da sala.

  3. Sítio não faltará para, quem quiser, se sentar. As melhores conversas são tidas quando se está confortável.

  4. Terá um armário especial de “Coisas para visitas inesperadas”. Coisas sem as quais ninguém passa quando fica fora da sua casa (escovas de dentes, roupa interior, pijamas…)

  5. Os sapatos que andam na rua ficarão à porta; dentro de casa, só meias e chinelos. (se viver em África, nem serão precisas meias).

  6. Tentarei sempre evitar formalidades. “Não faças/tenhas cerimónias” – sempre gostei tanto desta frase, e ainda mais quando é realmente aplicada.

  7. E no dia em que tudo “estiver pronto” farei uma festa com cânticos e louvores e muitos risos; para acolher os meus e com eles partilhar tamanha concretização.

Anseio pela minha casa, e pelo reflexo que ela será dos meus propósitos; desejo que ela seja usada para Ele fazer o que Lhe aprouver. Entretanto, espero; enquanto isso, escrevo para me não esquecer, e sonho mais um bocadinho.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Romanos 12:15 (*)

Não custa confortar um amigo, um irmão. Basta (1) ter compaixão dele – sofrer com ele, como se estivéssemos em o coração dele; (2) dizer aquilo que Deus nos sussurra ao ouvido; (3) dizer aquilo que gostaríamos de ouvir, que nos aqueceria o coração de tal maneira que fizesse tudo o que fosse mau derreter-se e evaporar-se.

Não custa nada confortar um amigo, um irmão. Basta (1) amar.


(*) link

domingo, 27 de março de 2011

Ontem.

Hoje é sábado, e por esse mundo fora brinca-se à Hora do Planeta. Tal “jogo” consiste em deixar a Terra respirar durante uma hora, tendo toas as luzes e energia eléctrica apagadas. Parece que o ambiente interessa muito aqui em casa, porque aderimos (quase) massivamente. À semelhança do que acontecia no tempo das lareiras, a maioria de nós está reunido onde existe a maior quantidade de luz, pelo que rimos e brincamos e contamos histórias e conversas sem parar, porque é assim que o tempo passa de forma mais deliciosa.

Num desses momentos o meu irmão lembra-se de partilhar um poema que tinha lido, aleatoriamente, no livro de português, durante uma actividade aborrecida. Antes de o ler, introduziu: “depois de ler isto quase chorei!”. Passo a copiá-lo:

“na hora de pôr a mesa, éramos cinco:

o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs

e eu. depois, a minha irmã mais velha

casou-se. depois, a minha irmã mais nova

casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,

na hora de pôr a mesa, somos cinco,

menos a minha irmã mais velha que está

na casa dela, menos a minha irmã mais

nova que está na casa dela, menos o meu

pai, menos a minha mãe viúva. cada um

deles é um lugar vazio nesta mesa onde

como sozinho. mas irão estar sempre aqui.

na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.

enquanto um de nós estiver vivo, seremos

sempre cinco.”

José Luís Peixoto, 2007

Depois de ele o ter lido e olhado em volta, também quase chorei. Não sei se pelo facto de me ter identificado profundamente, não sei se pela tremenda sensibilidade dele, não sei se pela saudade que chegou do futuro quando estivermos (momentaneamente) apartados; mas quase chorei.

“Seremos sempre cinco.”

Amén.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Bênçãos sem fim (ou: receita para ultrapassar os dias difíceis)

Quando somos crianças e, na escola ou na igreja ou em clubes desportivos, encontramos aquela amiga com quem passamos muito tempo, julgamos que encontrámos a melhor amiga que algum dia viríamos a ter. Depois crescemos mais um pouco, e na adolescência encontramos a colega de carteira com quem não cessamos de conversar e rir, e julgamos que encontrámos a melhor amiga que algum dia viríamos a ter. Entretanto, em intercâmbios escolares, acampamentos de verão, ou outras viagens, conhecemos alguém com quem realmente nos identificamos e partilhamos inúmeras experiências de vida, e julgamos que encontrámos a melhor amiga que algum dia viríamos a ter. E nestes julgamentos felizes, o tempo passa, as provações surgem, o amadurecimento dá-se. Ao atravessar as marés turbulentas e as vagas suaves com que somos presenteados em vida, é feita uma triagem natural do que é um julgamento bem feito e um julgamento precipitado.


em Marrocos


em Água de Madeiros


Há ainda muito que crescer, muito que caminhar, e muitas pessoas por conhecer. Mas há uma certeza funda de que eu encontrei as melhores amigas que algum dia julguei encontrar. Se me precipito ou escrevo um facto, o tempo o dirá. Por agora, o meu coração crê nisto com todas as forças que tem. E eu não cesso de Lhe agradecer por cada uma delas, pelas cores com que pintam os meus dias, pelo desafio que é chegar-lhes aos calcanhares; pela maneira como irradiam os meus dias sombrios, mesmo que nada digam. Existem, e já é o bastante

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Marcel Moldovan

Chama-se Marcel, tem apenas 4 dentes no maxilar superior e um filho. Também tem uma dívida de € 1820, por não pagar a renda de casa, uma fotografia corroída pelo muito sujo e parco tempo, olhos que se humilham a cada palavra e revistas (que nada interessam) para vender.

Interpelou-me e incitou-me a comprar uma daquelas. Disse-lhe que não queria e que não trazia dinheiro. Continuou a insistir, dizendo que não era isso que queria, uma vez que o filho precisava de um leite. Felizmente trazia um pacote na carteira e podia ajudar: sorri de contentamento e estendi-lho; exasperado esbracejou “NÃO!”, não era nada daquilo, recolhi-me envergonhada. O filho estava doente e precisava de um leite medicinal cuja embalagem (mais pequena) custa € 9.

O que é que eu faço? O que é que eu faço com o mundo, com a emigração, com a pobreza? O que é que eu faço com esta culpa, com este aperto, com esta coisa que me come por dentro e faz chorar? O que é que eu faço com o Marcel, com o filho, com as rendas, com o mau cheiro, com os seus poucos dentes, com a sua fome? Oh Deus!!!, o que é que eu faço? “Se me ajudas Deus ajuda a tua família!” – ralhei-lhe tanto por ter proferido tal chantagem! “Não é pelas obras!!!”, clamei com palavras que não estas.

Conversamos à chuva durante alguns momentos e no final fiquei com a sua morada, os registos das dívidas, o NIB e o contacto da senhoria. Despedi-me do Marcel e recolhi-me para a turbulência da minha alma. E agora? O que é que eu faço.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Reabilitação

Faltam exactamente quatro minutos para terminar um desafio que aceitei, sem pensar muito no assunto, há uma semana atrás: ficar sete dias sem frequentar quaisquer redes sociais. O pensamento que me assola é: posso prolongar o dito cujo por mais sete dias? É que esta relação com o facebook e sites afins é uma canseira e um malefício para a saúde mental.

Durante esta semana passei menos tempo no computador, deitei-me mais cedo todos os dias, concentrei-me mais nas conversas com as pessoas enquanto estava na internet, só recebi informações importantes (acerca dos amigos, seus pensares e sentires, etc.), aprofundei a leitura acerca de assuntos que considero importantes mas que “nunca tenho tempo para ler” e desliguei-me da ânsia de “partilhar” ou “gostar”, embora às vezes tivesse imensa vontade.

(o desafio já terminou há três minutos)

Se prosseguir fiel ao combinado fosse demasiado difícil, era-nos sugerida a leitura dos capítulos cinco, seis e sete do livro de Marcos. Não os li. Porém, não voltarei ao facebook sem os ler.

(o desafio já terminou há sete minutos)

Está tarde, não é? Talvez guarde para amanhã a visita ao facebook que podia fazer hoje.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Vida em abundância.

“Porque vale mais um dia nos Teus átrios do que, em outra parte, mil. Preferiria estar à porta da Casa do meu Deus, a habitar nas tendas da impiedade. Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na rectidão. Senhor dos Exércitos, bem-aventurado o homem que em Ti põe a sua confiança.” (Salmos 84:10-12)

Foi um fim-de-semana atulhado das coisas Dele, só para Ele, para trás e para diante com apenas um propósito e nada mais em mente: o trabalho do Pai. E eu podia viver assim todos os dias, sem pensar em mais nada, sem me ocupar com outra qualquer coisa; apenas embebida na Sua Palavra, estudando e dissecando o mais que posso; apenas servindo em perfeita comunhão com os que me acompanham nesta louca jornada; apenas orando e reflectindo na Sua assombrosa perfeição.

Não há nada melhor; nada.

(Ao som de clicar aqui)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Velhinhos

É canja ser apaixonada pelo senhor Fernando e a dona Chiquinha, pela Dona Anita e o senhor Paulino (os avós-inspiração com que fui grandemente presenteada), uma vez que, além de amorosos e lindos, são cultos, bons conversadores e sábios até ao tutano. Não é difícil apaixonar-me pelos mais crescidos que vejo todos os domingos na minha igreja, as senhoras sempre tão cheirosas e arranjadas, os senhores, cavalheiros, tentando não vergar a coluna e escoltando as suas esposas. Mas (sabe Deus o quanto!) é difícil amar os velhotes incómodos, reclamadores de todas as desgraças e mais algumas, que cospem no chão e investem as bengalas contra os transeuntes (vulgo, eu) vezes sem conta; ou as velhotas que olham reprovadoramente por cima dos óculos, mestras da chico-espertice de desrespeitar as filas sorrindo, para, uma vez viradas as costas, praguejarem contra “esta juventude”.

Sabendo Deus que tenho vindo a debater-me com estes pensamentos desde o início da semana, pôs-me a ler o livro “Às dez a porta fecha”, da Alice Vieira, que é, nada mais nada menos, sobre velhinhos. Uma história deliciosa que me faz procurar as coisas lindas em todos os velhinhos, não só naqueles que me são próximos. Eis o meu capítulo preferido até agora, o décimo sétimo. Para desfrutar (:


" Acordara maldiposta nessa manhã. Nada de especial, apenas uma noite cheia de sonhos que logo esqueceu, mas a deixaram cansada mal abriu os olhos.
Quando ainda andava no liceu acontecia-lhe muito isso. Quando acordava de repente, mesmo em cima da hora de se levantar, sem tempo para ficar no quentinho da cama, entre o sono e o despertar, pensando no dia que se estendia à sua frente, a cabeça doía-lhe, assim como se não tivesse descansado o tempo suficiente. Um dia falara nisso à Odete, que suspirou e disse:
- Isso passa-te quando arranjares um namorado.
A Odete só pensava em namorados. E suspirava muito por tudo e por nada, sobretudo por nada, que é sempre a razão mais forte para as pessoas suspirarem. Sentava-se muito direita na carteira, e suspirava. As carteiras eram de madeira muito escura e estavam cheias de inscrições de muitas
outras que, durante anos a fio, por lá tinham passado, quem sabe se também a suspirar como a Odete. Coraçõezinhos atravessados por setas, números de telefone, quadras de pé quebrado e rima desajeitada, particípios passados de verbos ingleses, fórmulas de química e, evidentemente, os nomes daqueles por quem, em cada semana, elas morriam de amor.
Lembra-se que um dia a Adélia colara na carteira duas fotografias do Antero, e fora o fim do mundo.
- Quem é esse homem, menina n.º 1? – perguntava a reitora, ali chamada de urgência pela Dona Celeste.
- Isto… isto… isto não é nenhum homem… - gaguejava a Adélia.
- Ora essa! Se calhar é uma mulher, não? – gritava a reitora, os olhos esbugalhados sobre a cara do Antero, que lhe sorria da fotografia, com aquele ar apalermado que Deus lhe dera, e de que a Adélia e a mãe tanto gostavam.
- Não é isso… é que… é que…
- “É que… é que…”, desembuche, menina, até parece um disco rachado!
- Aquele é o Antero – disse, por fim, a Adélia.
A reitora inclinou-se mais sobre as fotografias, o sorriso do Antero cada vez mais palerma, mirou e remirou e disse:
- Não me queira tomar por parva, menina n.º 1! O Antero de Quental tinha barba, olhar nobre e austero…
A reitora era conhecida pelos grandes discursos que fazia, fosse em que ocasião fosse. Por isso, para lhe cortar a inflamação oratória que ameaçava despontar perigosamente, a Doninha disse:
- O Antero de Quental talvez. Mas esse é o Antero da Adélia. É o namorado dela.
Foi como se de repente um raio tivesse caído naquela sala.
- Namorado?! Mas qual namorado?! Vocês têm lá idade para namorar! Saio daqui e vou já telefonar à sua mãe a contar tudo. TUDO! A pobre senhora descansada em casa, e a menina a encontrar-se às escondidas com esse… com esse… com esse indivíduo de ar mais que suspeito!
Ainda hoje a Dona Madalena sorri quando pensa nisso, e no riso de todas nessa altura – menos da Lucília, que conseguia sempre ouvir tudo com o ar mais sério e tranquilo deste mundo, assim como se fosse apenas espectadora de um filme que nem sequer a interessava por aí além.
- A minha mãe sabe – murmurou a Adélia.
- Ela vai casar com ele assim que acabar o quinto ano – disse a Doninha.
- Ele vem buscá-la todos os dias ao liceu – disse a Odete, que só pensava em poder arranjar um namorado igual àquele.
Ou igual a outro qualquer.
Mas tinham sido emoções a mais: a reitora deu meia volta e, sem discursos, saiu da sala. A Dona Celeste queixou-se então de súbitas enxaquecas (ela dizia sempre “cefaleias”), e disse que não estava boa para dar aula de substituição, e a Adélia olhava para a carteira, sem saber o que fazer às fotografias do Antero.
Dona Madalena sorri sempre que se recorda desta história. Um dia tem a certeza que a Adélia e o Antero irão visitá-la à Casa da Chaminé, rodeados de filhos e netos.
Isto, evidentemente, se a Adélia tiver casado com o Antero."

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Se eu fosse a J. K. Rowling (ou, Esta madrugada escrevi assim (10))

Aquele-cujo-nome-não-deve-ser-pronunciado fez aquilo-sobre-o-qual-não-se-deve-divagar no dia-que-não-deve-ser-mencionado; tal teve um efeito-que-não-deve-ser-descrito-nem-quantificado e por isso encontro-me num estado-que-não-devia-ser-permitido-percepcionar.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Presentear.

As voltas dadas dentro da cabeça são inúmeras: o quê? De que forma? Com que palavras? Passam-se horas quase infinitas neste deambular de pensamentos, sendo isto propício ao descontrolo, uma vez que as melhores ideias só surgem quando me recosto no leito para dormir. De tanto magicar, o coração agita-se mais do que devia e só uma coisa subsiste: a tremenda vontade de pular da cama e colocar tudo em prática, já!

Inusitadamente, a pergunta instala-se: para quê tudo isto? Há uma obrigação subjacente ao dia? Há um complexo de culpa que me impele ao gasto dos tostões? Será, por sua vez, uma necessidade de reciprocidade como tantas vezes estudei? (não fossem isto retóricas e teriam uma resposta assertivamente negativa.)

Isto tudo passará, é um facto; mas só depois de nós passarmos também. Enquanto vivermos neste corpo, o júbilo da celebração tomará conta do nosso pensamento, e a premência de presentear terá o seu fundamento nisso mesmo: no gozo que é lembrar que, além de caminharmos lado a lado, caminhamos com Jesus à frente, que é a única caminhada que vale a pena.

(Minha querida Meg, parabéns. De todo o coração )

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Consciência

Subitamente o tempo voa, urge!
As saudades antecipam-se,
Os olhos marejados adiantam-se,
O coração bate descompassado, sentido a falta do que ainda está aqui…

Tanto que ainda não vi, não li, não visitei, não ouvi, não conheci.
Embrulhe tudo por favor, é para levar; já cá devia ter vindo ontem!...

Um aperto, uma lágrima, e canções saudosistas.
A roda da vida voltou a rodar.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Salmos 63:1-8

Oh Deus, Tu és o meu Deus, de madrugada Te buscarei. A minha alma tem sede de Ti, a minha carne Te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água, para ver a Tua força e a Tua glória, como Te vi no santuário. Porque a Tua benignidade é melhor do que a vida, os meus lábios Te louvarão. Assim eu Te bendirei enquanto viver; em Teu nome levantarei as minhas mãos. A minha alma se fartará, como de tutano e de gordura; e a minha boca Te louvará com alegres lábios, quando me lembrar de Ti na minha cama, e meditar em Ti nas vigílias da noite. Porque Tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das Tuas asas me regozijarei. A minha alma Te segue de perto; a Tua destra me sustenta.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ventania.

Não sou capaz de desviar os olhos de Ti.
Mesmo quando caio, falho, me entorto, corto caminho.
Não consigo tirar os meus olhos de Ti, desde o dia em que Te coroei Senhor de mim.
Não sou nem quero ser capaz de o fazer.
Olhar para Ti, correr para Ti, é a coisa mais maravilhosa, bonita e válida que faço a cada dia; (e isso implica ver cada vez melhor a quantidade infindável das minhas coisas feias, que nada se coadunam Contigo).
Não sou capaz de desviar os olhos de Ti.
Não sou capaz de desviar os pensamentos de Ti.
(mas Tu já o sabias, não é? Tu sabes tudo.)
Ao som de: clicar aqui

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Constantes.

Não sei explicar muito bem porque é que sinto que a citação e a música abaixo apresentadas combinam lindamente uma com a outra. Liberdade combina com auto-domínio, êxtase combina com paciência, “mera água-com-açúcar” combina com “puro mel”, e tudo isto faz parte do que em mim marina neste início de ano.


“A felicidade que Deus designa para as suas criaturas superiores é a felicidade de serem unidas livre e voluntariamente com Ele e umas com as outras num êxtase de amor e prazer, que faz o amor mais arrebatador entre um homem e uma mulher parecer mera água-com-açúcar. E, para tanto, eles têm de ser livres”. (C. S. Lewis)



Eu não seria a mesma sem as minhas dicotomias, certamente.