sábado, 12 de dezembro de 2009

Hoje acontecerão coisas bonitas

Se és uma daquelas pessoas que trabalha ao sábado, não te preocupes, esta festa só começa às 19h30.

Se já tens coisas combinadas, relaxa, é um culto aberto a todos, podes fazer-te acompanhar de quem quiseres.

Se vens de longe e de carro, aproveita este dia para passear em Lisboa e fá-lo terminar em beleza juntando-te a nós. (é que estacionar nesta zona(*) é crítico)

Se não tens tempo para isso, os transportes públicos são teus amigos e, ainda que mais espaçadamente, também funcionam aos fins-de-semana.

Se nunca foste, garanto-te, vais ter uma surpresa muito agradável.

Se achas que estas comemorações não se aplicam a ti, tira-lhes os rótulos previamente colocados. É que não se trata de religião, ou de "lavagens cerebrais". Trata-se de Deus, apenas e só, que nasceu para se revelar a nós da forma mais concreta possível.

Por isso, se ainda não esgotaste o leque de desculpas para não estar presente… acredita que ficarás a perder. Ainda assim, não te esqueças:

Estás convidado e/ou convidada (:




(*)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

(sem título) (3)

Acabei de saber que a C. morreu. Atirou-se de um penhasco algarvio, depois do amor da sua vida terminar a relação que já vinham mantendo há largos tempos. Parece uma história tirada de um filme, parece mesmo uma piada de mau gosto. A morte induzida é desprovida de qualquer graça.

Pergunto-me quão desesperada devia estar a C. para decidir que o melhor fim era a ausência da própria existência.

E pergunto-me, tanto, se ela estará no Céu.


(quem me dera ter feito tudo para ter essa certeza)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

"Vai masé trabalhar!"

Confirma-se: custa demais tentar compor ideias que não têm ordem certa para sair da cabeça. Quanto mais se tenta menos se consegue, e o cheiro a forçado impregna-se num texto que nem escrito à mão é. As interrupções desajudam a expressão pouco clara das ideias originalmente embrulhadas em si mesmas: uma revista cai sobre outras tantas iguais a ela, a progenitora pigarreia contra os cansaços que a perseguem, a responsabilidade sopra ao ouvido que “o tempo escasseia” e há muito que cumprir… e só apetece regressar ao melhor momento de ontem, quando, alheada da real correria das pessoas sérias e obrigações adjacentes, gastei euros a mais em frutos secos apetitosos, pousei os pesos vestidos por uma mochila cor-de-flor-de-princesa num banco frio (onde também me sentei), e fiquei a ver a vida acontecer.


(e o senhor B Fachada cantou docemente ao meu ouvido as maravilhas de uma estação em que não estamos, com frases emprestadas pela primeira dama do jazz)

Quero outra vez, só por instantes, ficar a ver o tempo passar. E compreender que posso gastar tempo a sentir o tempo durar no relógio, sem pressa. Ficar apenas assistindo, vendo os transeuntes para lá e para cá, desviando-se uns dos outros, de fatos, de saltos, de gorros, sorrindo, chorando, conversando ao telefone, sozinhos, acompanhados, bonitos (todos), ouvindo o ar, esperando por um carro que é auto (na beira da estrada), com brilhos apaixonados nos olhos. A humidade abraçando as árvores e humedecendo as pontas dos meus cabelos, o sol alaranjando o céu, ausentando-se para que a escuridão enevoada pudesse exibir a sua lunar jóia.

O sabor bom dos frutos quentes e secos (e a Primavera pintada de bonito pelo senhor B Fachada). O tempo a passar devagar no relógio para onde eu não precisei de olhar. E o hálito tépido a condensar os pequenos pedaços da atmosfera que conseguia atingir.






Vou masé voltar ao trabalho.