quinta-feira, 24 de abril de 2008

Há coisas fantásticas, não há?

A qualidade desta letra, a precisão com que cada palavra é dita… uma coisa impressionante.

Vejam e apreciem; vão por mim, vale a pena.



(-Ken leeee, tulibu dibu douchoo
(…)
-What was that language?
- English.)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Efeitos Colaterais

Atchim!, espirra o corpo dormente. Fungam as narinas ansiosas por alguma regularidade na entrada de oxigénio e saída de dióxido de carbono. Queixa-se a garganta porque já não aguenta tantas impurezas que magoam. Lateja a cabeça e transpiram os poros; a febre sobe e entorpece a vontade. Pega a mão no copo de água que encaminhará o comprimido até ao seu local de acção. Pesam as pálpebras e as pestanas, ardem os olhos.

Mais um atchim, mais uma fungadela. Assim é a gripe, ainda mais quando não era suposto aparecer.

sábado, 19 de abril de 2008

Em conversa


Ontem, assistindo a uma conversa entre amigos, a troca de opiniões incendiava-se entre copos altos e olhos mais faladores que as próprias bocas. Eis que um deles pergunta ao outro:

“Só acreditas naquilo que te dizem que existe? E o que não está à vista, não é válido? Nunca descobriste nada?

Fez-me pensar o serão inteiro, e esse efeito alongou-se até agora.



P.S. A fotografia representa algumas banalidades de um quarto.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Terapia

É raro o dia em que não me sento em frente a esta máquina para pressionar as suas teclas e escriturar. Não é que escreva lindamente, que os meus textos sejam dignos de ser lidos por tudo e todos; não é que diga alguma coisa de importante, embora, de quando em vez, lá acerte em pontos fulcrais nos meus escritos. Mas escrever, expressar-me, traduzir-me em letras e palavras e frases e linhas e textos; liberta-me. Sim, gosto de ser lida pelos demais, caso contrário não publicaria aqui as minhas exposições; mas quando escrevo, escrevo essencialmente para mim mesma (exceptuando as cartas, o meio de comunicação mais saboroso de todos os meios).

Quando escrevo, consigo discernir melhor acerca dessas realidades intra e interpessoais (como gostei desta expressão, menina das inteligências múltiplas). Consigo visualizar-me, sou capaz de entender os estados emocionais que me assolam nesse instante, em que me discorro em linhas. Gosto particularmente de escrever em folhas brancas, com canetas de pontas finas e macias, permanentes. Apraz-me desenhar cada letra, verificar que o resultado final me surpreende de alguma maneira, porque me distancio de mim ao escrever, para me re-aproximar ao compreender.

Folhas vazias e lápis e canetas e teclados e ecrãs são terapia. Debruçar-me sobre os pensamentos que voam dentro do meu crânio e apresentá-los em forma de frases é terapia. Opinar e errar e nada de importante referenciar é terapia. Rabiscar e garatujar e redigir e compor é terapia. A minha terapia.


P.S. Quando fui ao ISPA, as sombras das grades no chão da sala eram tão deliciosas que tive mesmo de as fotografar.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Hoje ; Bênção

Desperto dos sonhos que preencheram uma noite que se suponha de descanso, ergo-me para iniciar mais um dia de existência, que pode ser considerado, ou não, rotina. Levanto-me ambicionando um beijo do sol, que se escondeu atrás das nuvens matutinas e brilha clandestinamente.

A roupa que se cola ao corpo ainda cheira a noite, o mesmo cheiro que tem a cama onde me deitei. E a mente, essa, nem sei a que cheira. Se cheira também a sesta, entorpecidamente congelada pela escuridão das pálpebras, ou se cheira a renovação, a iniciação, como eu tanto gostava que fosse.

Não é mais um dia. É o novo dia. Ninguém me garantiu ontem que fosse acordar hoje. Ninguém mo revelou, ninguém afiançou que a minha saúde ainda se encontraria intacta, a minha família ainda me acompanharia, ainda estivesse aqui o computador ligado à infinita rede que conecta toda a gente. Ninguém me assegurou que mais um dia se me apresentaria e, apesar disso, eu o tomei como garantido. Ontem ao deitar-me pensei neste hoje, que era amanhã, como se fosse apenas e só, mais um dia. É, sim, outro dia, o novo dia; tenho de me desabituar seriamente a tomar as dádivas como algo garantido. Porque, muito sinceramente, ninguém me garante que existirá amanhã, pelo menos para mim, porque o mundo, sem Andreia ou com Andreia, nunca pára.

É por estas e por outras que peço perdão por não me ter lembrado destas coisas mais cedo, enquanto me despedia dos meus queridos, que já partiram para enfrentar o dia novo que acordou hoje. E desejo, também, um novo dia benéfico, útil, são, bonito.

Tem um bom dia.


P.S. Tirei aquela fotografia no Acampamento, a 5 de Abril do presente ano.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Das coisas que muito me aborrecem

Não gosto mesmo nada, nada, nada, quando me fazem um convite deveras apetitoso, eu não o aceito a pensar nos pais ou nos irmãos (que podem precisar de alguma coisa ao chegar a casa, porque é sempre preciso fazer alguma coisa a esta hora!) e após chegar a casa e falar acerca do dito convite, receber a seguinte resposta:

“Oh Andreia! Podias ter ido!”


(Isto só a mim)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Coisas de Deus

1. Estava exausta, saturada, ansiosa por chegar a casa, apesar de aí ainda me esperarem algumas tarefas. Queria muito voar até ao meu lar para poder descansar um pouco. Fecho o cacifo e, enquanto me encaminho para o portão, vou mentalizando a minha pessoa de que ainda faltam dois autocarros, que vai ser rápido e indolor. E eis que, subitamente, uma voz me sussurra ao ouvido tudo o que queria ouvir; uma voz que já não ouvia há algum tempo, e que não contava ouvir tão cedo. Uma voz amiga de um longo tempo, que me diz: “Queres boleia para casa? A minha mãe tem ali o carro.”

2. Assumi o compromisso de ajudar uma menina com algumas dificuldades na leitura e nos números. É uma menina pequena, uma menina que está ainda a começar, mas que quer melhorar. Todos os meses, três vezes por semana, dar uma mãozinha nestas matérias. Mas este mês não me dava jeito nenhum! É que tenho uma nota para subir, àquela cadeira tão característica, tão mencionada e tão mal afamada. Não é que não goste dela, mas tenho de subir a classificação da mesma para que os meus sonhos se concretizem. Por isso, este mês não me dava jeito nenhum ajudar a menina. Porém, o compromisso estava assumido; tinha de lutar pela organização das minhas horas. Quando faltam apenas 10 minutos para que a menina chegue, a sua avó telefona-me dizendo que lhe é impossível trazê-la durante o mês de Abril. Os compromissos e horários estão apertados, é um episódio excepcional, durará este mês, apenas e só. Portanto, este mês estou livre do compromisso assumido com esta menina.

3. Tinha uma viagem para fazer. Uma viagem de duas horas (ou um pouquinho mais), que envolvia comboios, autocarros, estações, gares, boleias e outras combinações que tais. Esta viagem teria um início madrugador, muito madrugador. E teria de fazê-la completamente sozinha. Não, tais eventualidades não me assustavam, mas deixavam o coração da minha progenitora num alvoroço completo até à minha chegada a um porto seguro. Ontem, recebi outro telefonema que me dizia que, se ainda quisesse, havia um lugar para mim, num transporte directo e seguro, na companhia de amigos que há muito não revia (sim, uma semana já é muito). Um lugar num carrinho que promete ser recheado de conversas e partilhas, para um acordar especial nesse porto seguro que, ainda esta noite, irei alcançar.

4. Estava deveras preocupada com o futuro. Esse que é tão inserto, tão desconhecido, tão inesperado. E eu, como sempre, exasperada por estar sempre a matutar naquilo que menos posso controlar: o que aí vem. Preocupada com as escolhas e com o desenrolar das situações mais cruciais da minha existência. E as lágrimas do desespero de ter poucas opções e poucas hipóteses já caíam, quando abri O Livro. E naquela passagem, Ele dizia-me assim:


“Não estejam com medo, tranquilizou-os Samuel. É certo que fizeram mal, mas agora a questão é estarem certos de que adoram o Senhor com verdadeiro entusiasmo e que não se desviam dele, de forma alguma. Dos outros deuses, nenhum há que possa salvar-vos. O Senhor não abandonará o seu povo escolhido; tal coisa, a suceder, seria um descrédito para o seu grande nome. Ele fez de vocês uma nação especial, para si próprio; foi essa a sua vontade. Quanto a mim, pois, longe de mim o pecar contra o Senhor, deixando de orar por vocês; e hei-de continuar a ensinar-vos o que é bom e o que é recto. Confiem no Senhor e adorem-no com sinceridade; lembrem-se das coisas tremendas que fez por vocês.”


I Samuel 12:20-24

São coisas de Deus. Só d’Ele. Nenhum outro as faz assim.


P.S. A fotografia é a de um canteiro pelo qual passei, e fotografei.